De cabelos em pé! Fervença ou Bandeira
Que grande dor de cabeça...
Atribuir a fabricas a peças de faiança não marcadas.

Atribuir a fabricas a peças de faiança não marcadas.
Toda a variedade de exemplares, sem marca, com diferentes cores, motivos e decoração, acabou por reforçar a ideia de que é extremamente difícil atribuir um local de fabrico a esta peça em faiança portuguesa que se julga ser do séc. XIX.
Após algumas hora de pesquisa e dias de leitura, dei-me conta, não só da riqueza do número de fábricas, no que diz respeito à forma e à paleta cromática, mas, também, da grande dificuldade que é atribuir uma fábrica a cada peça de faiança que não esteja marcada.
"A fábrica Bandeira ignora-se a data da fundação, sabe-se que esteve em laboração entre 1844 a 1882. Há quem afirme que já funcionava no século XVIII. Diz no post que a leiloeira atribui 2 pratos à fábrica Bandeira, mas como tal é possível, não se conhece nenhum exemplar marcado ."
"Documentado em 1840 no Largo dos Aviadores de Bandeira, na margem esquerda do rio, num edifício coberto de azulejos que albergava também a casa da família do seu proprietário Gaspar Gonçalves de Castro. Em 1877 a fábrica foi herdada pela sua viúva e filhos e gerida por Cándido Augusto de Sá Castro. Continuou a funcionar da forma tradicional com um forno a lenha. Pouco depois de 1912, deve ter cessado a produção."
Apesar de toda a dificuldade em identificar a origem desta peça que entrou há dias no Atelier Rita Roque, ela traz consigo muitos outros interesses de estudo que levantam, consequentemente, outras questões pertinentes. Encontramos a primeira dúvida assim que nos deparamos com os grampos ou gatos que agregam o fragmento à peça, retirá-los ou não? Os gatos já fazem parte integrante da historia de peça e contam-nos também de certa maneira a forma como se restauravam peças cerâmicas, para que depois de partidas pudessem continuar a ser utilizadas. A consciência e o cuidado da preservação nos dias de hoje, leva-nos a pensar na hipótese de manter os gatos nos seus locais de origem, após serem retirados, limpos e tratados.
O mais surpreendente aqui, prende-se com a solução encontrada para devolver ao jarro a sua característica de cerâmica utilitária, dando-lhe uma asa de lata, incrível trabalho do latoeiro!
O desafio está lançado!
Na consciência em ética da conservação e restauro, o que fazer?
Manter e preservar a asa em lata?
Ou devolver ao jarro a sua asa original?